quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Assustando Feirantes

Chôla era um homem muito humilde que vivia em Guarabira e fazia sempre parte do anedotário da cidade, graças à sua espirituosidade, que também lhe abria muitas portas de todas as classes sociais, na década de 50. Por não ter desenvolvido a sua capacidade intelectual nos bancos escolares, vivia a serviço de pessoas abastadas da cidade fazendo compras e levando alguns recados. Também, lhe era muito comum, trabalhar de carregador de caminhões, arrumando as cargas semanais de pequenos comerciantes que se dirigiam a cidades como Alagoinha, Mamanguape, Araçagi, Belém e Nova Cruz-RN, nos dias de feiras.

Num determinado dia de semana, seu Vital, caminhoneiro muito conhecido em toda a região, convidou Chôla para o acompanhar até Belém, onde apanharia uma carga de agave. Assim, sobre a carroceria, o convidado faria o papel de cobrador, também de possíveis passageiros que surgissem no percurso, facilitando o trabalho do proprietário do caminhão.

Na casa mortuária de Zé Rosas, à avenida Dom Pedro II, centro de Guarabira, Chôla apanhou um caixão de defunto que se destinava a Belém e o pôs sobre a carroceria do veículo e empreenderam viagem. Logo após Itamataí, começa uma chuva e Chôla entrou no caixão para dela se abrigar, adormecendo daí a momentos. A viagem prosseguia normalmente e seu Vital sempre parando para apanhar passageiros, que ao subir se benziam por causa do caixão estirado na carroceira, encostado ao gigante, logo atrás da cabine do motorista.

Na subida de Ladeira de Pedra, entre Pirpirituba e Belém, Chôla despertou, abriu a tampa do caixão e botando uma mão para fora indagou: ainda tá chovendo, gente? Os passageiros apavorados e aos gritos, pulavam na estrada enlameada enquanto outros se benziam e tremiam pelos recantos da carroceria.