Até o fim de 2014, o
senador Edison Lobão, integrante do grupo de Renan, esteve no comando do
Ministério de Minas e Energia.
A
preocupação do Palácio do Planalto com a nova fase da Operação Lava Jato,
batizada de Radioatividade, reside principalmente no PMDB no Senado. Em crise,
o governo precisa do apoio do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL),
para enfrentar Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que comanda a Câmara, e tem poder para
admitir a tramitação de pedidos de impeachment contra a presidente Dilma
Rousseff.
Investigações
da Polícia Federal apontam que propinas pagas ao almirante Othon Luiz Pinheiro
da Silva, presidente licenciado da Eletronuclear, ocorreram de 2011 a 2015. Até
o fim de 2014, o senador Edison Lobão (PMDB-MA), integrante do grupo de Renan e
do ex-presidente da República José Sarney, esteve no comando do Ministério de
Minas e Energia.
Embora
o Planalto já espere que essa etapa da Lava Jato também atinja políticos do
PMDB, uma vez que o partido é responsável pelo loteamento do setor elétrico, a
extensão da operação sobre aliados de Renan ainda é uma incógnita.
A
inclusão do nome de Pinheiro da Silva no esquema surpreendeu o governo, uma vez
que o almirante é considerado um dos maiores especialistas do mundo em urânio
enriquecido. Apesar de o PMDB saber que Lobão aparecerá novamente nesta fase da
Lava Jato, interlocutores de Dilma argumentam que, na atual conjuntura,
qualquer notícia envolvendo aliados tem potencial de provocar nova crise
política. O senador já é investigado pela Lava Jato desde o ano passado.
Em
delação ao Ministério Público, em 2014, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa afirmou que Lobão, então ministro de Minas e Energia, pediu a ele R$ 1
milhão, em 2008. Lobão também foi citado na delação do dono da UTC, Ricardo
Pessoa, como beneficiário de suborno na pasta. A empreiteira é uma das
contratadas pela Eletronuclear para as obras em Angra 3. Lobão nega as
acusações.
Aproximação. Para o governo e a cúpula do PMDB, a
Lava Jato tem potencial para atrapalhar as tentativas de aproximação com Renan
- o governo depende do presidente do Senado para aprovar o projeto que revê a
desoneração da folha de pagamento das empresas, última etapa do ajuste fiscal,
e impedir a "pauta-bomba", com propostas que aumentam os gastos. Além
disso, ele pode fazer um contraponto a Cunha e barrar a tramitação de possíveis
pedidos de impeachment.
Renan,
no entanto, também é alvo da Lava Jato. Desde então, dizendo-se
"injustiçado", já impôs várias derrotas ao Planalto. O receio do
governo é de que senadores aliados acabem adotando a mesma posição de Cunha,
rompendo com Dilma. Cunha declarou guerra ao Planalto depois de vir a público a
delação do lobista Julio Camargo, que o acusou de tê-lo pressionado a pagar
propina de US$ 5 milhões. Para o presidente da Câmara houve uma
"conspiração palaciana".
A
CPI da Petrobras, controlada pelo PMDB, não deve mirar no esquema na
Eletronuclear. Um pedido para a criação da CPI do Setor Elétrico chegou a ser
apresentado no início do ano pelo tucano Carlos Sampaio (SP), mas não foi
adiante. Com informações do Estadão Conteúdo. Fonte: Notícias ao Minuto.