247 – Os dois principais
empresários de comunicação do País, João Roberto Marinho, do Globo, e Otávio Frias
Filho, da Folha, parecem ter concluído que um golpe conduzido por Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), atual presidente da Câmara dos Deputados, é imoral demais para ser
aceito pela sociedade.
Se ontem o jornal O Globo publicou editorial
defendendo a saída imediata de Cunha do cargo, hoje foi a vez da Folha, com o texto "Já
chega" publicado na primeira página – o que o jornal dos Frias só faz em
momentos raros e graves da história política.
No entanto, a Folha expôs uma motivação que o
Globo mantinha oculta. "O personagem que Eduardo Cunha representa,
plasmado em desfaçatez e prepotência, está com os dias contados –ele próprio
sabe disso. É imperativo abreviar essa farsa, para que o processo do
impeachment, seja qual for seu desenlace, transcorra com a necessária
limpidez", diz o texto.
Leia abaixo:
Já chega
A presença do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na
presidência da Câmara é um problema que não se limita aos veementes indícios de
corrupção e às claras evidências de mendacidade que pesam contra ele.
As acusações reiteradas de que recebeu propina; a
reincidência em práticas destinadas a intimidar adversários; a mentira
flagrante em uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), negando ter contas
bancárias no exterior –esse conjunto probatório já seria suficiente para
justificar a cassação de seu mandato.
Há muito mais, contudo. Sua permanência à frente
da Câmara dos Deputados assume características nocivas para a ordem
institucional do país, e não só porque sua rede de manipulações bloqueia as
atividades do Conselho de Ética encarregado de julgá-lo.
Valendo-se de métodos inadmissíveis a alguém
posicionado na linha de sucessão da Presidência da República, o peemedebista
submeteu a questão do impeachment de Dilma Rousseff (PT) a um achaque em
benefício próprio.
Seus expedientes infames conspurcam o processo em
curso, que parece encarar como vendeta pessoal. Exacerbam-se com isso as
paixões em um tema extremamente explosivo; alimenta-se a falsa versão de que
tudo não passaria de lamentável confronto entre ele e Dilma Rousseff.
Já chega. O personagem que Eduardo Cunha
representa, plasmado em desfaçatez e prepotência, está com os dias contados
–ele próprio sabe disso. É imperativo abreviar essa farsa, para que o processo
do impeachment, seja qual for seu desenlace, transcorra com a necessária
limpidez.
Fonte: Brasil 247.