Pela primeira vez, desde o fim
da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), o livro Mein Kampf (A minha luta, em
tradução livre), um manifesto de Adolf Hitler, é publicado na Alemanha. O
lançamento da obra comentada do líder nazista foi feito hoje (8) pelo Instituto
de História Contemporânea de Munique (IFZ, na sigla em alemão). O objetivo do
relançamento do livro, cujos direitos passaram a ser recentemente de domínio
público, é contextualizar a obra e desmistificar declarações do ex-líder
alemão.
Para a professora do Instituto
de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Adriana Dias, a reedição da publicação, no entanto, acontece em um momento
delicado para a Europa, em que se registra o crescimento de movimentos de
extrema direita e de aumento de casos de xenofobia e racismo, principalmente
contra imigrantes e refugiados.
“A Europa vive um cenário de
crise econômica e atentados, o que cria um caldeirão na narrativa social muito
parecido com o das décadas de 1920 e 1930. O cenário não é bom, o livro é uma
Caixa de Pandora, que abre todas as portas de ódio, com mentiras, que
infelizmente são compráveis em tempos de opressão social e econômica”, avalia a
pesquisadora.
Indagada sobre a possível
repercussão do livro no Brasil, a antropóloga, que pesquisa há mais de 15 anos
sobre os grupos nazistas na internet e também fora dela, disse acreditar que o
movimento de extrema direita deve se intensificar também no país. “No Brasil,
mais de 200 mil pessoas já leem livros e materiais neonazistas e com a ascensão
da direita isso tende a piorar.”
Para ela, os simpatizantes
brasileiros do neonazismo (que estão espalhados pelo país, mas concentrados
majoritariamente nos estados do Sul e do Sudeste), são muito influenciados
pelas ações dos seus pares na Europa. “O movimento no Brasil é extremista, se
apoia muito no modelo americano e europeu, e como característica singular
desenvolveu um ódio extremo ao nordestino”. Além disso, segundo ela, é comum
estarem envolvidos em ataques homofóbicos, contra negros e judeus. As
informações são da Agência Brasil. Fonte: PARAÍBA JÁ.