(Da Agência Lusa) A riqueza acumulada por 1% da
população mundial, os mais ricos, superou a dos 99% restantes em 2015, um ano
mais cedo do que se previa, informou hoje (18) a organização não governamental
(ONG) Oxfam, a dois dias do Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça.
"O fosso entre
a parcela dos mais ricos e o resto da população aumentou de forma dramática nos
últimos 12 meses", diz relatório da ONG britânica intitulado Uma economia
a serviço de 1%.
"No ano
passado, a Oxfam estimava que isso fosse ocorrer em 2016. No entanto, aconteceu
em 2015, um ano antes", destaca no texto.
Para mostrar o
agravamento da desigualdade nos últimos anos, a organização estima que "62
pessoas têm tanto capital como a metade mais pobre da população mundial",
quando, há cinco anos, era a riqueza de 388 pessoas que estava equiparada a
essa metade.
A dois dias do
Fórum Econômico Mundial de Davos, onde vão se encontrar os líderes políticos e
representantes das empresas mais influentes do mundo, a Oxfam pede a ação dos
países em relação a essa realidade.
"Não podemos
continuar a deixar que milhões de pessoas tenham fome, quando os recursos para
ajuda estão concentrados, no mais alto nível, em tão poucas pessoas",
afirma Manon Aubry, diretora dos Assuntos de Justiça Fiscal e Desigualdades da
Oxfam na França, citada pela agência de notícias France Presse (AFP).
Segundo a ONG,
"desde o início do século 21 a metade mais pobre da humanidade se
beneficia de menos de 1% do aumento total da riqueza mundial, enquanto a
parcela de 1% dos mais ricos partilharam metade do mesmo aumento".
Para combater o
crescimento dessas desigualdades, a Oxfam pede o fim da "era dos paraísos
fiscais", acrescentando que nove em dez empresas que figuram entre
"os sócios estratégicos" do Fórum Econômico Mundial de Davos
"estão presentes em pelo menos um paraíso fiscal".
"Devemos
abordar os governos, as empresas e as elites econômicas presentes em Davos para
que se empenhem a fim de acabar com esta era de paraísos fiscais, que alimenta
as desigualdades globais", diz Winnie Byanyima, diretor-geral da Oxfam
International, que estará em Davos.
No ano passado,
vários economistas contestaram a metodologia utilizada pela Oxfam. A ONG
defendeu o método utilizado no estudo de forma simples: o cálculo do patrimônio
líquido, ou seja, os ativos menos a dívida.
A pequena
localidade suíça de Davos vai acolher, a partir da próxima quarta-feira (20),
líderes políticos e empresários para debater a 4ª Revolução Industrial.
Esta 46ª edição do
fórum, que termina em 23 de janeiro, ocorre no momento em que o medo da ameaça
terrorista e a falta de respostas coerentes para a crise de refugiados na
Europa se juntam às dificuldades que a economia mundial encontra para voltar a
crescer e à forte desaceleração das economias emergentes.
Segundo o
presidente do fórum, Klaus Schwab, a "4ª revolução industrial refere-se à
fusão das tecnologias", principalmente no mundo digital, que "tem
efeitos muito importantes nos sistemas político, econômico e social". Fonte:
Brasil 247.