Integrantes do Conselho de Ética e Decoro
Parlamentar do Senado acusaram nesta quarta-feira o senador Delcídio do Amaral
(sem partido-MS) de tentar procrastinar, ou seja, adiar intencionalmente, o
processo contra ele no colegiado. A reunião desta quarta-feira havia sido
marcada para ouvir o senador, que não compareceu amparado por mais um atestado
médico de 15 dias.
Diante da ausência do senador investigado, um
requerimento apresentado pelo relator, Telmário Mota (PDT-RR), foi aprovado
marcando para o dia 7 de abril, um novo depoimento. Para evitar mais um
adiamento, no ofício que será encaminhado ao parlamentar, Delcídio poderá
escolher se quer prestar depoimento presencial no Senado, se prefere ser ouvido
por videoconferência ou ainda por uma comissão de senadores, que será designada
para tomar o depoimento do parlamentar onde ele estiver.
Antes porém do depoimento de Delcídio, para não
atrasar os trabalhos do conselho, os senadores aprovaram outro requerimento
para ouvir na próxima terça -feira, às 14h30, Bernardo Cerveró, filho de Nestor
Cerveró; Diogo Ferreira, ex-chefe de gabinete de Delcídio, e o advogado de Cerveró, Edson
Ribeiro.
Bernardo foi o autor da gravação de uma reunião com
Delcídio, na qual o senador oferecia dinheiro e sugeria um plano de fuga para o
ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, em troca de ele não fazer acordo de
delação premiada com a Justiça.
JUNTA MÉDICA. Ainda segundo o relator, não
serão mais aceitos atestados do senador sem que o mesmo esteja respaldado por
uma junta médica.
– Eu queria também que fosse registrado em ata que,
normalmente, um servidor, quando pega 15 dias – e Delcídio já pegou 15 dias –,
os outros 15 têm que ser por meio de uma junta médica – disse.
Telmário voltou a criticar o fato de, mesmo de
atestado, Delcídio ter participado da manifestação a favor do impeachment da
presidenta Dilma Rousseff. Em entrevista à revista Veja, ele disse que
compareceu de moto e ficou de capacete o tempo inteiro para não ser
hostilizado.
ADVOGADO DATIVO. Com a ausência do senador e de
seus advogados na reunião desta quarta-feira, vários senadores chegaram a
cogitar se não seria o caso de ser constituído um defensor dativo para o caso.
Senadores contrários à medida lembraram que isso ocorre quando não há nenhum
advogado, o que não é o caso do senador. Diante da divergência, Telmário Mota
pedirá que a Advocacia-Geral do Senado apresente até a próxima segunda-feira um
parecer sobre o assunto. Fonte: Correio do Brasil.