Três famílias do Assentamento Chico Mendes, em
Riachão do Poço, a cerca de 65 quilômetros de João Pessoa, no Território da Cidadania
Zona da Mata Norte, descobriram na criação de
camarões de água doce uma forma de aumentar a renda.
A experiência, iniciada há cerca de um ano, vem
sendo acompanhada pela Associação Centro de Capacitação João Pedro Teixeira
(ACCJPT), entidade contratada pelo Incra para prestar Assessoria Técnica,
Social e Ambiental à Reforma Agrária (Ates) em Chico Mendes e em outros 24
assentamentos paraibanos, e já é reconhecida como um exemplo de sucesso na
região.
Em março, as famílias fizeram a terceira despesca
de camarões e agora, após o povoamento dos nove viveiros com 500 mil larvas de
camarão, devem fazer a quarta despescagem nas próximas semanas. Para aumentar a
produção, está sendo preparado mais um viveiro (tanque) escavado no solo
natural para receber outras 250 mil larvas.
Tudo começou há três anos, quando o assentado
Edmilson Teixeira de Freitas, mais conhecido como Misso, seu pai, Antônio
Severino de Freitas, e o irmão Denilson Antônio de Freitas iniciaram uma
criação de tilápias em dois tanques. Aproveitando a experiência adquirida com a
criação de peixes – hoje destinados apenas ao consumo próprio –, a família
decidiu investir na criação de camarões de água doce, da espécie Litopenaeus
vannamei, conhecida entre os agricultores por “pele de chumbo”.
Com o apoio da equipe da ACCJPT, os assentados
venceram as dificuldades iniciais da nova criação, como a irregularidade do
fornecimento de energia elétrica para a máquina usada na oxigenação da água –
condição essencial à carcinocultura. Segundo a assistência técnica, certa vez,
devido a uma oscilação de energia, a família foi obrigada a vender os camarões
antes que estes atingissem o peso mínimo para comercialização, que é de dez a
12 gramas. O problema fez com que os assentados não obtivessem lucro, mas não
diminuiu o desejo de investir na carcinocultura.
“Não foi essa dificuldade que nos fez
desistir. Novamente iniciamos o cultivo de larvas de camarão e, como iniciantes
e sem experiência alguma, começamos tudo de novo, na tentativa de não cometer
os mesmos erros que cometemos no início”, contou Misso, que acredita que o
sucesso da iniciativa deve-se à união e ao trabalho coletivo.
Vantagens
– O percentual de lucro na criação de camarões, superior a 60%, é um dos
principais atrativos. O quilo do camarão é comercializado a partir de R$ 15.
“Outra grande vantagem da criação de
camarões é que já temos mercado garantido na região e em João Pessoa”, disse
Misso, acrescentando que parte da produção do assentamento é comercializada na
própria comunidade e o restante é vendida a um atravessador, responsável pelo
transporte dos camarões para compradores mais distantes.
Os criadores do Assentamento Chico Mendes começaram
a obter lucros já na terceira despesca. O dinheiro foi reinvestindo na
atividade, com a aquisição de um gerador de energia para garantir a contínua
oxigenação dos tanques.
Misso destacou ainda que o tempo estimado para os
camarões atingirem o peso ideal para a comercialização é de apenas três meses,
enquanto que para a engorda das tilápias são necessários seis meses.
Segundo o assentado Antônio Freitas, pai dos
agricultores, a criação de camarão é mais viável do que outros sistemas
produtivos, principalmente por causa da mão de obra, que é menor, já que é
necessário alimentar os camarões apenas uma vez por dia. “Antes a gente não
tinha nada, e hoje já conseguimos muitas coisas com a venda dos camarões”,
afirmou.
As famílias do Assentamento Chico Mendes são
assessoradas por uma equipe técnica multidisciplinar da ACCJPT, formada pelo
médico veterinário Júlio Adolfo, pela zootecnista Jeovana Gomes, pelo
engenheiro florestal Vladimir Scheneider, pelo técnico em agropecuária Luciano
José e pelo técnico social Maximiano da Silva.
Da Assessoria de Comunicação Social do Incra/PB