sexta-feira, 17 de junho de 2016

CRIAÇÃO DE CAMARÕES GARANTE RENDA A FAMÍLIAS DE ASSENTAMENTO PARAIBANO




Três famílias do Assentamento Chico Mendes, em Riachão do Poço, a cerca de 65 quilômetros de João Pessoa, no Território da Cidadania Zona da Mata Norte, descobriram na criação de camarões de água doce uma forma de aumentar a renda.
A experiência, iniciada há cerca de um ano, vem sendo acompanhada pela Associação Centro de Capacitação João Pedro Teixeira (ACCJPT), entidade contratada pelo Incra para prestar Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária (Ates) em Chico Mendes e em outros 24 assentamentos paraibanos, e já é reconhecida como um exemplo de sucesso na região.
Em março, as famílias fizeram a terceira despesca de camarões e agora, após o povoamento dos nove viveiros com 500 mil larvas de camarão, devem fazer a quarta despescagem nas próximas semanas. Para aumentar a produção, está sendo preparado mais um viveiro (tanque) escavado no solo natural para receber outras 250 mil larvas.
Tudo começou há três anos, quando o assentado Edmilson Teixeira de Freitas, mais conhecido como Misso, seu pai, Antônio Severino de Freitas, e o irmão Denilson Antônio de Freitas iniciaram uma criação de tilápias em dois tanques. Aproveitando a experiência adquirida com a criação de peixes – hoje destinados apenas ao consumo próprio –, a família decidiu investir na criação de camarões de água doce, da espécie Litopenaeus vannamei, conhecida entre os agricultores por “pele de chumbo”.
Com o apoio da equipe da ACCJPT, os assentados venceram as dificuldades iniciais da nova criação, como a irregularidade do fornecimento de energia elétrica para a máquina usada na oxigenação da água – condição essencial à carcinocultura. Segundo a assistência técnica, certa vez, devido a uma oscilação de energia, a família foi obrigada a vender os camarões antes que estes atingissem o peso mínimo para comercialização, que é de dez a 12 gramas. O problema fez com que os assentados não obtivessem lucro, mas não diminuiu o desejo de investir na carcinocultura.


“Não foi essa dificuldade que nos fez desistir. Novamente iniciamos o cultivo de larvas de camarão e, como iniciantes e sem experiência alguma, começamos tudo de novo, na tentativa de não cometer os mesmos erros que cometemos no início”, contou Misso, que acredita que o sucesso da iniciativa deve-se à união e ao trabalho coletivo.

Vantagens – O percentual de lucro na criação de camarões, superior a 60%, é um dos principais atrativos. O quilo do camarão é comercializado a partir de R$ 15.
“Outra grande vantagem da criação de camarões é que já temos mercado garantido na região e em João Pessoa”, disse Misso, acrescentando que parte da produção do assentamento é comercializada na própria comunidade e o restante é vendida a um atravessador, responsável pelo transporte dos camarões para compradores mais distantes.
Os criadores do Assentamento Chico Mendes começaram a obter lucros já na terceira despesca. O dinheiro foi reinvestindo na atividade, com a aquisição de um gerador de energia para garantir a contínua oxigenação dos tanques.
Misso destacou ainda que o tempo estimado para os camarões atingirem o peso ideal para a comercialização é de apenas três meses, enquanto que para a engorda das tilápias são necessários seis meses.
Segundo o assentado Antônio Freitas, pai dos agricultores, a criação de camarão é mais viável do que outros sistemas produtivos, principalmente por causa da mão de obra, que é menor, já que é necessário alimentar os camarões apenas uma vez por dia. “Antes a gente não tinha nada, e hoje já conseguimos muitas coisas com a venda dos camarões”, afirmou.
As famílias do Assentamento Chico Mendes são assessoradas por uma equipe técnica multidisciplinar da ACCJPT, formada pelo médico veterinário Júlio Adolfo, pela zootecnista Jeovana Gomes, pelo engenheiro florestal Vladimir Scheneider, pelo técnico em agropecuária Luciano José e pelo técnico social Maximiano da Silva.

Da Assessoria de Comunicação Social do Incra/PB