O ministro
da Casa Civil, Eliseu Padilha, defendeu que a força-tarefa da Operação Lava
Jato tenha “sensibilidade” para saber o momento de “caminhar para uma definição
final”.
A declaração
foi dada nessa quinta-feira (16), em encontro com empresários em São Paulo, um
dia após a divulgação dos depoimentos do ex-presidente da Transpetro Sérgio
Machado, que envolve mais de 20 políticos, entre eles, o presidente interino
Michel Temer (PMDB).
Segundo
Padilha, a “sinalização” de que a Lava Jato avança para o seu encerramento é
necessária para evitar “efeitos deletérios”. Ontem o governo Temer teve a sua
terceira baixa ministerial em decorrência de revelações da operação que
investiga o esquema de corrupção na Petrobras. Depois de Romero Jucá
(Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência), nessa quinta foi a vez de
Henrique Eduardo Alves (Turismo) entregar o cargo.
“Tenho
certeza de que os principais agentes da Lava Jato terão a sensibilidade para
saber o momento em que eles deverão aprofundar ao extremo e também de eles
caminharem rumo a uma definição final. Isso tem que ser sinalizado, porque
vimos na Itália, onde não houve essa sinalização, e tiveram, depois do grande
benefício que veio, efeitos deletérios que nós não podemos correr o risco
aqui”, afirmou o ministro.
Críticos da
Operação Mãos Limpas, que inspira o juiz Sérgio Moro na Lava Jato, alegam que
as ações da polícia e da Justiça italiana contra políticos acusados de
corrupção nos anos 90 abriram caminho para a extinção de grandes partidos, a
ascensão do polêmico ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi e o enfraquecimento
da legislação anticorrupção.
Padilha
elogiou, porém, o trabalho da Lava Jato. “O Brasil será outro, aliás, já está
sofrendo esse processo de transformação no que diz respeito ao exercício do
poder político”, ressaltou. Após o encontro com os empresários, o ministro
disse em entrevista a jornalistas que não estava cobrando o fim da operação.
“O que eu
disse é que tenho certeza de que as autoridades da Lava Jato saberão o momento
em que deverão pegar, aprofundar e apontar tudo que deve apontar e pensar em
concluir. Eu vi e li o que aconteceu com a Operação Mãos Limpas na Itália.
Todos eles conhecem tanto quanto eu. Temos que fazer com que tenhamos o melhor
resultado possível.”
Durante seu
discurso, Padilha defendeu Temer e citou até a deputada Jandira Feghali
(PCdoB-RJ), incluída na lista de delatados por Sérgio Machado, para invocar a
inocência do presidente interino. “Conheço a deputada Jandira há muitos anos.
Tenho certeza de que ela não foi pedir recursos ilícitos ao Sérgio Machado. Se
esse raciocínio vale para ela, vale para todos”, comparou.
De acordo
com o ministro, as referências de Machado a Temer não causam qualquer tipo de
preocupação. “Não há absolutamente nenhum temor em relação à Lava Jato. A
citação a Temer é absolutamente gratuita, não teve conversa do presidente
Michel Temer sobre recursos para campanha”, declarou.
O ministro
da Casa Civil afirmou, ainda, que pelo desgaste das investigações, o candidato
favorito ao Planalto em 2018 tende a ser um nome pouco conhecido da população
em geral. “Penso que a eleição de 2018 será para alguém que ainda não está no
cenário político, alguém que não é uma figura conhecida”, disse.
Fonte: Pragmatismo Político.