Por
Tito Faria, especial para o 247
- A eleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ), filho do ex-prefeito do Rio de Janeiro
César Maia (DEM-RJ), como presidente da Câmara dos Deputados traz à tona um
fenômeno curioso: a sucessão nas velhas oligarquias da política. Jovens como
Rodrigo Maia, Marco Antônio Cabral, Leonardo Picciani e Flávio Bolsonaro
queimam etapas e assumem protagonismo na política. O resultado pode ser a
manutenção do status quo.
Nos
clássicos da literatura democrática, é comum vermos o Legislativo tratado como
o poder mais importante, pois possui mais atribuições e maior controle sobre os
outros, além de influir mais em nossas vidas. Neste aspecto, olhar para a
Câmara Municipal do Rio de Janeiro deveria nos preocupar. Jorge Fellipe, seu
presidente, encontra-se em seu 5º mandato e os vereadores lá sentados nos
demonstram que aquela casa não pretende renovar seus quadros. O Legislativo
carioca age como se vivêssemos em prosperidade e continuidade fosse mais
importante que progresso.
Mas
no pleito de 2016, partidos recém-criados e políticos debutarão e devem
surpreender. No Rio de Janeiro, por exemplo, a população tem começado a se
familiarizar com novas caras. Alguns jovens põem a cara a tapa e, buscando
mudar o país, decidem não apenas enfrentar as urnas, mas enfrentar o
establishment político brasileiro. Assim procedem vários pré-candidatos dos
mais variados partidos que têm tudo para chamar a atenção do eleitorado. Este é
o caso do engenheiro eletricista pelo Instituto Militar de Engenharia Leandro
Lyra (NOVO) e do ativista David Miranda (PSOL).
Lyra - vencedor de diversos prêmios
acadêmicos e formado pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), Instituto de
Matemática Pura e Aplicada (IMPA), École Polytechnique e Harvard - é tudo
menos um político convencional. Apoiando-se na capacidade das redes sociais e
em sua vontade de transformar o país, diz que entrou na política para tentar
mudar a situação atual do Rio: "Encontramos, no Brasil, uma das maiores
crises político-econômicas de nossa história. Com a confiança abalada, o
empreendedor não se sente seguro para investir e a população vê cada dia mais
distante o progresso com que tanto sonha. A situação do Rio de Janeiro consegue
ser ainda mais grave. Precisamos combater a crise com investimento, e isso
passa, necessariamente, por uma Câmara engajada com as boas práticas econômicas".
Miranda - um ativista com texto ácido e
capacitado - se apresentou ao Brasil num caminho inverso. Foi o grande nome da
campanha de concessão de asilo politico ao ex-agente da CIA Edward Snowden. Em
um artigo no jornal inglês The Guardian declarou que: "as elites políticas
e a mídia do Brasil têm brincado com os mecanismos de democracia. Isso é um
jogo perigoso para se jogar em qualquer lugar, porém mais ainda em uma
democracia tão jovem com uma história recente de instabilidade política e tirania,
e onde milhões estão furiosos com a crise econômica que enfrentam". O que
gerou uma carta-resposta de ninguém menos que João Roberto Marinho, atual
figurão e herdeiro do jornalista Roberto Marinho. O pré-candidato a vereador
pelo PSOL é critico à influência da chamada "Grande Mídia" no estado
brasileiro, se posicionando abertamente contrário ao impeachment da presidente
Dilma Rousseff.
Se
deveríamos temer ou exaltar os rumos da política nacional, apenas o tempo dirá.
Mais que uma escolha entre esquerda e direita, somos postos a acreditar que
vivemos uma conscientização e renovação dos quadros ou na consolidação de
velhas práticas. Portanto, nossos votos nessas eleições dirão não apenas em
qual lado do espectro político nos posicionamos, mas se acreditamos que o
Brasil deve ou não seguir novos rumos. Fonte: Brasil 247.