O ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva atacou a imprensa em seu interrogatório ao juiz federal Sérgio Moro.
Ele reclamou da intensa cobertura dos veículos de comunicação e do que
classificou de 'vazamentos'. Citou até o número de capas que as principais
revistas dedicaram a ele nesses anos de Lava Jato - nominou IstoÉ, 25 capas,
Veja, 19, e Época, 12. "Demonizando o Lula", disse. Os vídeos do
depoimento do ex-presidente foram disponibilizados pela Justiça Federal.
"Eu falo vazamento que sai
pra imprensa, porque determinadas coisas são feitas, eu conheço os vazamentos,
eu sei os vazamentos, é como se o Lula tivesse... pela imprensa, pelo
Ministério Público, sendo procurador, procura-se vivo ou morto."
Citou o Estadão. "São 318
matérias contrárias e duas favoráveis."
"A imprensa é o principal
julgador."
"Se tem um brasileiro que
deseja contar a verdade sou eu. O que eu quero é que tenham respeito comigo.
Pelo amor de Deus apresentem uma prova, chega de diz-que-diz."
Lula foi interrogado por cerca de
cinco horas na ação penal sobre o caso triplex. A denúncia do Ministério
Público Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milhões em benefício próprio -
de um valor de R$ 87 milhões de corrupção - da empreiteira OAS, entre 2006 e
2012. As acusações contra Lula são relativas ao recebimento de vantagens
ilícitas da empreiteira por meio do triplex 164-A no Edifício Solaris, no
Guarujá (SP), e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantido pela
Granero de 2011 a 2016. O petista é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção.
TRIPLEX. O Edifício Solaris era da
Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), a cooperativa fundada nos
anos 1990 por um núcleo do PT. Em dificuldade financeira, a Bancoop repassou
para a OAS empreendimentos inacabados, o que provocou a revolta de milhares de
cooperados. O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi presidente da Bancoop.
A ex-primeira-dama Marisa Letícia
(morta em 2017) assinou Termo de Adesão e Compromisso de Participação com a
Bancoop e adquiriu "uma cota-parte para a implantação do empreendimento
então denominado Mar Cantábrico", atual Solaris, em abril de 2005.
Em 2009, a Bancoop repassou o
empreendimento à OAS e deu duas opções aos cooperados: solicitar a devolução
dos recursos financeiros integralizados no empreendimento ou adquirir uma
unidade da OAS, por um valor pré-estabelecido, utilizando, como parte do
pagamento, o valor já pago à Cooperativa.
Segundo a defesa de Lula, a
ex-primeira-dama não exerceu a opção de compra após a OAS assumir o imóvel. Em
2015, Marisa Letícia pediu a restituição dos valores colocados no
empreendimento.
BENS. A Lava Jato afirma que a OAS
pagou durante cinco anos pelo aluguel de dez guarda-móveis usados para
armazenar parte da mudança do ex-presidente Lula quando o petista deixou o
Palácio do Planalto no segundo mandato. A empreiteira desembolsou entre janeiro
de 2011 a janeiro de 2016, R$ 1,3 milhão pelos contêineres, ao custo mensal de
R$ 22.536,84 cada.
Toda negociação com a
transportadora Granero teria sido intermediada pelo presidente do Instituto
Lula, Paulo Okamotto, que indicou a OAS como pagante com o argumento de que a
empreiteira é uma "apoiadora do Instituto Lula." Para investigadores
da Lava Jato, os fatos demonstram "fortes indícios de pagamentos
dissimulados" pela OAS em favor de Lula. Isso porque o contrato se
destinava a "armazenagem de materiais de escritório e mobiliário
corporativo de propriedade da construtora OAS Ltda", mas na verdade os
guarda-móveis atendiam a Lula. Fonte: Notícias ao Minuto.