Em manifestação
encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a procuradora-geral da
República, Raquel Dodge, acusou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) de usar o cargo
para atingir objetivos espúrios e reiterou o pedido para que a Corte receba a
denúncia apresentada contra o tucano pelos crimes de corrupção passiva e
obstrução de Justiça no âmbito da delação feita por executivos da J&F.
Aécio
foi gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista e é acusado de
tentar atrapalhar o andamento das investigações da Operação Lava Jato.
Além
de Aécio Neves, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou
no ano passado Andrea Neves da Cunha, irmã de Aécio, Frederico Pacheco de
Medeiros, primo do senador conhecido como Fred, e Mendherson Souza Lima,
ex-assessor parlamentar do senador Zezé Perrella (MDB-MG).
"O
teor das articulações de Aécio Neves, obtidas por meio das interceptações
telefônicas, ilustra de forma indubitável que a conduta do acusado, que
procurou de todas as formas que estavam ao seu alcance livrar a si mesmo e a
seus colegas das investigações, não se cuidou de legítimo exercício da
atividade parlamentar", observou a procuradora-geral da República.
"Ao
contrário, o senador vilipendiou de forma decisiva o escopo de um mandato
eletivo e não poupou esforços para, valendo-se do cargo público, atingir seus
objetivos espúrios", prosseguiu Raquel.
Os
acusados alegam haver indícios de que o então procurador Marcelo Miller atuou
na elaboração da colaboração premiada, o que levaria à anulação do acordo e as
provas dele obtidas. Também argumentam que a gravação do diálogo mantido entre
o senador tucano e o empresário Joesley Batista seria resultado de uma indução
e provocação da própria PGR, o que poderia ser caracterizada como ação
controlada sem prévia autorização judicial.
"A
circunstância de Marcello Miller, entre o final de fevereiro e abril de 2017,
quando ainda era Procurador da República, ter prestado 'assessoria informal'
aos executivos da J&F, orientando-os acerca das colaborações premiadas que
viriam a celebradas com a PGR em maio do mesmo ano, não retira de tais
colaborações a condição de serem manifestações livres e conscientes de vontade
dos colaboradores", ponderou Raquel Dodge.
"O
acordo é válido, mas por ter sido descumprida cláusula pactuada, foi
rescindido. A defesa utiliza argumentos sofistas para apontar conclusão
logicamente inconsistente, mas que lhe beneficia", rebateu a
procuradora-geral da República.
Raquel
ressaltou que a gravação clandestina de Joesley foi feita inteira e
espontaneamente pelo colaborador e entregue à PGR, "sem qualquer
participação do Ministério Público Federal ou da Polícia Federal".
DEFESA. O advogado Alberto
Zacharias Toron, defensor de Aécio, disse em nota que a manifestação de Raquel
Dodge "foge dos argumentos centrais da defesa e se limita a repetir termos
genéricos da denúncia, revelando a fragilidade da acusação".
"O
senador Aécio Neves está convicto de que o STF promoverá a análise justa do
caso, que demonstrará que ele e seus familiares não cometeram atos
ilícitos", informou a defesa. Com informações do Estadão Conteúdo. Fonte: Notícias ao Minuto.